08/11/2021

Artigo Capitalismo ou Empreendedorismo? Por Paulo H. Wedderhoff

CAPITALISMO OU EMPREENDEDORISMO?
Por Paulo H. Wedderhoff

O empreendedorismo é uma atividade boa ou ruim?
Não parece haver dúvidas de que é uma atividade boa e fundamental para o progresso econômico e social da humanidade. Afinal é graças ao empreendedorismo que temos uma enorme diversidade de produtos e serviços, bem como uma enorme produção de alimentos.
São os empreendedores que se lançam na aventura de produzir para se manter, depois para vender o excedente e quando ampliam a produção acabam criando empregos, que somados alcançam milhões de vagas.

Mas, quais são os fundamentos do empreendedorismo?
O primeiro é a vontade de fazer algo somada à iniciativa. Mesmo quando não há vontade, mas a pessoa fica desempregada, surge a necessidade de autosustentação que a empurra para a inciativa.

Outro fundamento é o “saber-fazer” algo. Pode ser o conhecimento de lidar com sementes, mudas e terra como pode ser a habilidade adquirida na área de construção, reparos, manutenção, etc.

Há ainda os cursos rápidos de corte e costura, eletricidade, mecânica, hidráulica, pintura, ou os cursos formais de longo prazo que preparam os profissionais liberais nas áreas da saúde do corpo como os médicos, dentistas, ortopedistas, entre outros. Há também os advogados, engenheiros, administradores, contabilistas, etc.

O sujeito que perde o emprego porque seu empregador quebrou e não consegue se recolocar, acaba se obrigando a fazer algo para sustentar sua família.
Se ele pegar suas economias e comprar um carrinho de pipocas ou cachorro-quente, pode ser considerado um empreendedor? É evidente que sim! E se ele não tiver dinheiro e tomar emprestado para pagar depois com o lucro das suas vendas? É também um empreendedor? Sem dúvida! Até com maior mérito, pois o risco que assumiu é ainda maior.

Mas como é que os socialistas de i-phone chamam estas pessoas? Chamam de capitalistas ou burgueses.

A razão disso é que Karl Marx, o autor do livro O CAPITAL, odiava os empreendedores da sua época. E quem estuda história lhe dá razão, pois naquela época os empreendedores exploravam seus empregados com longas horas de trabalho e baixos salários. Afinal ainda não havia leis regulando a relação entre empregados e empreendedores. Só que hoje em dia tudo isso mudou!

Revoltado, Marx criou o termo Kapitalist e propôs que os empregados dos empreendedores fizessem uma revolução, desapropriassem as empresas e se tornassem donos dos empreendimentos.
O resultado é conhecido. Onde quer que isto foi feito a revolta foi enorme, houve resistência, quedas brutais na produção, desemprego, inflação, desespero e milhões foram assassinados ou morreram de fome.

Infelizmente, desde então, o termo “capitalismo” se tornou mundialmente aceito e passou a levar a culpa pelos excluídos.
Infelizmente grande parte da população não se dá conta que nos lugares onde o empreendedorismo foi extinto, o número de excluídos explodiu, pois os empreendedores que puderam, fugiram; e os demais foram desapropriados ou executados.

Portanto já passa da hora de perguntar se a causa de haver excluídos é culpa dos empreendedores, que contratam tantas pessoas quantas necessário para a sobrevivência do empreendimento, ou é dos governantes que em vez de investirem na capacitação de jovens e adultos, priorizam investimentos que lhes rendam alguma propina?

Pessoas capacitadas, quando não encontram emprego, se obrigam a oferecer algum produto ou serviço de modo a sustentar a si mesmo e a sua família. Os mais preparados dão certo e começam a contratar ajuda para sustentar o crescimento do negócio. Estes geram renda, impostos e oportunidades para quem precisa do emprego. Afinal “desigualdade social é sempre efeito da desigualdade instrucional.”

Por isso, à quem concorda com a presente defesa, cabem algumas atitudes:
A primeira é promover a palavra empreendedorismo e ajudar que a palavra capitalismo caia em desuso.

A seguinte é cobrar nossos governantes para que o ensino público evolua na direção do ensino técnico de qualidade, à exemplo do ensino adotado em países que tiveram êxito em sua revolução educacional.

Outra atitude, quem sabe ainda mais efetiva pois pode começar imediatamente, é abrir uma ONG em cada cidade e iniciar a capacitação de jovens e adultos sem custo para os aprendizes.

Há muitos professores técnicos aposentados ou não, que poderiam dedicar algumas poucas, mas preciosas horas ensinando jovens em atividades técnicas que os capacitariam para empregos nas empresas que precisam pessoas com o indispensável “saber-fazer”, ou para “se virarem na vida” no caso de não haver vaga de emprego na sua cidade.

O empreendedorismo é a causa da prosperidade, do emprego, da distribuição da renda, da arrecadação e da fartura de alimentos, bens e serviços em todos os lugares, desde que o mundo é mundo.
Por isso, não diga mais aos seus filhos: estude para um dia conseguir um bom emprego.

Dica: estude para conseguir um bom emprego ou ser um bom empreendedor.

O autor é membro do Instituto Democracia e Liberdade (IDL)

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