04/07/2018

Vitória a custa do povo brasileiro – por Antonio Demeterco Júnior

O Brasil acabou de assistir a mais um espetáculo desmoralizador de suas instituições.

O país foi paralisado de Norte a Sul pelos caminhoneiros e seus patrões.

A economia nacional foi submetida a uma desorientação generalizada, com a elevação do preço da gasolina (penalizando a toda população) e a alta grotesca do custo de vida em geral (penalizando principalmente os mais pobres).

Tudo passou a faltar, inclusive insumos para hospitais e cirurgias.

O governo procurou agir cedendo em tudo diante das imposições dos grevistas.

Medidas policiais fracassaram, pois seria impossível que as autoridades arranjassem motoristas substitutos para os milhares de veículos parados.

Infiltrações politicas no movimento pediram o retorno de intervenção militar, o que motivou na mídia o relembrar de crimes que teriam ido praticados durante o governo militar contra delinquentes políticos (luta armada, assaltos a banco, sequestros, etc.).

Até a CIA foi convocada para intrometer-se com más lembranças, tendo sido Tancredo Neves vítima em uma de suas fichas: seria desonesto (cf. “Até a Última Página – Uma História do Jornal do Brasil”, p. 315, de Cezar Motta).

Cessada a loucurada, uma reflexão se impõe: o Brasil é hoje refém de uma classe de profissionais.

Poderão estes repetir a iniciativa sempre que discordarem dos preços do combustível (ou por outro motivo), desmoralizando as autoridades em geral, e em especial a monopolista Petrobrás.

A fixação de preços pela estatal, no dia a dia, por mais técnica que seja, foi de absoluta irresponsabilidade ao desestabilizar contratos de transporte e outros, ou seja, o nosso sistema jurídico em um de seus aspectos mais fundamentais.

Um exemplo histórico merece ser lembrado pela sua similitude: durante a 1ª Guerra Mundial a Rússia dependente que era de um único meio de transporte (o ferroviário), foi paralisada e a minoria ativa de bolcheviques e outros revolucionário aproveitaram-se da situação: derrota na guerra e paralizações no abastecimento.

Concluindo, após o festival de incongruências, é necessário formular algumas perguntas:

  1. Teremos a repetição de tais acontecimentos como instrumento de fixação do preço do óleo diesel no país, sempre que a oportunidade se apresentar?
  2. Será que tais movimentos serão sempre vitoriosos, pois a Polícia e o Exército (como se evidenciou) não têm condições de intervir com eficiência e substituir motoristas?
  3. Será que paralizações desta ordem, no futuro, serão utilizadas politicamente, para derrubar governos ou forçar privatizações?

A História tem uma lei já visualizada por um dos maiores escritores da França do século XIX, Ernest Renan: a anarquia invoca a autoridade.

Os anarquistas preparam o terreno, inconscientemente, para tempos piores aos que vivem.

Quem viver verá!

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