25/01/2018

O Ano Vermelho, por Antenor Demeterco Júnior

O Ano Vermelho, por Antenor Demeterco Júnior

Esse título foi aplicado ao livro que pesquisou as repercussões em nosso país da revolução bolchevique do historiador brasileiro Luiz Alberto Moniz Bandeira, recentemente reeditado (e recauchutado).

Diplomatas russos tentaram publicá-lo na então União Soviética, mas o autor não deu permissão ante a exigência de supressão de nomes como os de Trotsky, Bukharin, Zinoviev, Kamenev, etc.

O autor, intelectual sério, alegou que não falsificaria a história (observe-se lateralmente que todos esses personagens a serem evitados encontraram a morte a mando do ditador Stalin, o maior assassino de comunistas da história).

Homem de esquerda, Moniz Bandeira fez uma verdadeira autópsia da origem do comunismo brasileiro, identificando anarquistas como seus primeiros seguidores e criadores da organização partidária (cf.p. 291-292).

É interessante notar que já no século XIX anarquistas e comunistas se digladiavam na Europa com as desavenças doutrinárias entre seus respectivos chefes Bakunin e Marx.

No Brasil ambos os grupos se acertaram ao fundar um partido político dito proletário, ignorando a luta de foice e as expulsões entre os times.

Reunido o IV Congresso da Internacional Comunista em Moscou (30/11/ a 05/12 de 1922), dele participou o representante brasileiro, Antônio Bernardo Canellas (1898 – 1936).

Mostrou ele coragem (e ingenuidade) ao defender a participação de maçons, protestantes e católicos no partido comunista e ao apartear o vaidosíssimo Leon Trotsky afirmando que ele fazia imposições ideológicas nos participantes do congresso, criticando seu modo autoritário de falar, e votando ele Canellas contra as propostas organizatórias de Lenin.

Maçons não eram admitidos no movimento comunista (entre outros, relatório de p.561 e seguintes).

Quem leu a autobiografia do então comissário Trotsky (“Minha Vida”, 1930) conhece a hostilidade dele pela Maçonaria.

Outra informação surpreendente de Moniz Bandeira é a de que o revolucionário asiático Ho Chi Minh (1890-1969) tenha morado em uma pensão no Rio de Janeiro, por volta de 1912.

Além disso, que operários brasileiros tenham perifericamente em manifesto, previsto que o Tratado de Versalhes (que pôs fim a 1ª Guerra Mundial) “não é mais que a preparação de futura guerra” (cf.p.353). Foram profetas.

O livro de Moniz Bandeira contém material informativo extraordinário, disponibilizado para quem jamais teria conhecimento do mesmo de outra forma.

Por Antenor Demeterco Júnior, membro do IDL

 

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