23/09/2016

O IDL não permite que se apague parte da História

 

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O Instituto Democracia e Liberdade (IDL) coordenou as entidades de classe para estabelecer o contraditório em defesa da história do Paraná e do País e esteve presente na reunião do Conselho Universitário da UFPR – órgão máximo deliberativo dessa instituição, ocorrida nesta quinta-feira (22) e que iria definir a recolocação ou não do busto do Reitor Flávio Suplicy de Larcerda, retirado por estudantes em 2014.

O busto de Flávio Suplicy de Lacerda (Lapa-PR/1903 – Curitiba-PR/1985) foi criado pelo renomado artista plástico paulistano Arlindo Castellani de Carli, em 1958. Trata-se de uma escultura em bronze, fixada sobre pedestal de granito, que foi colocada em 1958 nos jardins da Reitoria da UFPR, próximo ao edifício D. Pedro II que, na época, abrigava a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.

Colocado neste local por ocasião da inauguração solene do prédio da Reitoria, o busto se constitui em uma homenagem do corpo docente e discente daquela faculdade, atualmente Setor de Ciências Humanas. Suplicy de Lacerda foi reitor em duas gestões (1949-1964 e 1967-1971). Em 1950, durante sua primeira gestão, promoveu a federalização da antiga Universidade do Paraná, tornado-a pública e gratuita. Na mesma gestão, iniciou e concluiu a restauração e ampliação do Prédio Histórico, a construção do complexo da Reitoria, o Centro Politécnico e o Hospital das Clínicas. Presidiu o Instituto de Engenharia do Paraná na gestão de 1933-1934, deixou sua marca na história da entidade ao comandar um grupo de profissionais da casa que criaria em junho de 1934 o CREA-PR (atual Conselho Regional de Engenharia e Agronomia). Sete meses antes, o Decreto nº 23.569, baixado por Getúlio Dorneles Vargas, estabeleceu a regulamentação profissional e técnica no Brasil e instituiu oficialmente o Conselho Federal de Engenharia – CONFEA.

Em 1º de abril de 2014, finalmente, sob a justificativa de “descomemorar” (sic!) a implantação do Regime Militar no Brasil há 50 anos, estudantes da UFPR e participantes de diversas organizações pretenderam recriar o cenário de 1968, com o que chamaram nas redes sociais de “ato simbólico”. Derrubaram novamente o busto e, arrastando-o pelas ruas, danificaram a escultura enquanto obra de arte. Consoantes promessas dos responsáveis, amplamente difundidas nas redes sociais, repetiriam o cenário “tantas vezes quantas for necessário”, caso o busto fosse reinstalado no mesmo local.

Após inúmeras dificuldades, o busto foi reconstituído por profissional competente, aguardando definição acerca do local a ser colocado. Afinal, trata-se de patrimônio público federal sob a guarda da UFPR, além de documentar por si mesmo um importante período desta universidade centenária. Trata-se igualmente de um documento histórico que, independente de juízos de valor referentes à persona representada, merece ser preservado.

Após inúmeras manifestações, a conturbada sessão perdeu o quorum e, após às 13h, a reunião se encerrou. O tema será votado em próxima extraordinária com a presença do IDL, juntamente com o Pró-Paraná e a ACP. Também estiveram presentes representantes do IEP e do CREA-PR.

 

O IDL faz eco ao relatório apresentado quando salienta que: “Uma instituição que não preserva e não cultua sua memória não tem passado, tem presente conturbado e futuro incerto”. Com isso, o IDL faz um chamamento a toda a sociedade paranaense em defesa de um dos maiores vultos de História e da própria Memória da nossa Universidade.

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