20/03/2019

Ideologia nas Universidades pauta palestra do IDL de março

Reitor

Membros do Instituto Democracia e Liberdade e convidados prestigiaram nesta terça-feira a palestra proferida pelo reitor da Universidade federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, sobre “Ideologia nas Universidades Federais”, no Bourbon Hotel.

Assis

O evento foi iniciado com uma breve apresentação do livro “As ideias liberais na economia e na política”, organizado pelo associado do IDL, José Assis Simões, e que conta com o apoio do Instituto Democracia e Liberdade (cujo presidente, Edson José Ramon, assina o prefácio) e do Instituto Mises Brasil. Entregue ao final da palestra aos associados, a obra é uma coletânea de cerca de 14 livros resumidos e faz uma síntese de obras dos grandes autores liberais.

Edson

Em sua fala de boas-vindas, o presidente do IDL, Edson José Ramon, reforçou aos presentes que o pensamento ideológico não deve permear o comportamento de alunos e professores, não apenas nas universidades, mas também dentro de escolas de segundo grau. “A escola existe para oferecer conhecimento e isso significa conhecer as várias vertentes de pensamentos da humanidade. Não podemos permitir que o sonho da igualdade atropele o mérito e o pensamento liberal, o que prejudicaria a toda a sociedade”, resumiu.

Em seguida, foi apresentado o tema da ideologização dentro das universidades públicas, pelo Reitor Ricardo Marcelo Fonseca, que iniciou a abordagem com dois questionamentos: “existe a propagação de ideologias de esquerda nas universidades?” e “existe militância e propagação de ideias liberais ou conservadoras?”

A resposta, afirmativa para ambas as perguntas, resultaria, segundo o Reitor, em um ambiente democrático de debate, que seria o reflexo do que se espera do universo acadêmico. “Se existisse um termômetro ideológico da universidade, diria que ela seria de centro-direita”, disse. “No entanto, o que não podemos permitir é o proselitismo. Professor não pode fazer propaganda em sala de aula, se eu sentir qualquer forma, ao invés do estudo universitário rigoroso, e isso vale para qualquer ideologia, temos dispositivos jurídicos que serão acionados para combater tais práticas”, assegurou.

Para Fonseca, o cenário corrente estereotipou a universidade como um local de esquerda, e isso se deveria em primeiro lugar pelo crescimento de movimentos antiintelectualistas, que desvalorizam a ciência e o conhecimento e que prezam pela comunicação na forma de memes ou em textos de 140 caracteres do Twitter. “Alguns movimentos abrem mão de argumentos e da sofisticação de raciocínio e são embalados pela forma como a comunicação hoje circula. Teses criacionistas e terraplanistas mostram que alguma coisa está errada”, argumentou.

Em segundo lugar estaria o contexto político, que instaurou um forte clima de polarização; e, por fim, a existência de grupos organizados nas redes sociais que têm como missão difamar as universidades. “A universidade é o lugar da juventude e da ousadia, ontem, hoje e sempre. O problema surge quando ela é estereotipada como lugar de sexo, drogas e doutrinação”.

Segundo ele, é inviável controlar, restringir ou eliminar a propagação de ideias sem ofender a liberdade ou o pluralismo. “Prefiro que ideias opostas e todas as outras surjam, circulem e se confrontem, com liberdade e pluralidade. Nenhuma gestão universitária terá o direito de restringir qualquer evento acadêmico pela sua cor ideológica, pois a universidade tem que ser, por excelência, um espaço de liberdade. É preciso deixar de lado sectarismos, ranços e interagir com a sociedade e seu setor produtivo”, explicou.

Universidade símbolo de Curitiba

Em seguida, ele traçou um panorama sobre a UFPR e o que ela representa estadualmente. É a mais antiga do Brasil, símbolo da cidade de Curitiba, a única universidade federal que nunca fechou suas portas apesar das crises do Brasil. Possui 36 mil estudantes, 3 mil professores, 139 cursos de graduação, 88 de especialização, 147 mestrado e doutorado e mais de 3,5 mil servidores.

“Não há salto de desenvolvimento econômico sem um forte, contínuo e decidido investimento público em ciência, tecnologia e inovação. Se isso acabar, estarão comprometidos a indústria, o agronegócio e os demais setores”, falou. “Não vamos reduzir nossa universidade a este debate puramente ideológico. O cenário é mais complexo e precisamos olhar nosso passado paranaense pra ter um pouco mais de consideração com essa instituição centenária”.

Ao final de sua apresentação, questionado sobre a reinstalação do busto do antigo reitor Flávio Suplicy de Lacerda, Fonseca afirmou aos presentes que a imagem será recolocada e junto a ela será afixado um totem, que conterá explicações sobre sua atuação e história junto à UFPR, o que deve acontecer ainda no primeiro semestre deste ano. Para encerrar o evento, o presidente do IDL entrou ao Reitor o diploma Defensores da Liberdade.

Entrega homenagem

Por Daniela Licht (Básica Comunicações)

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