20/09/2018

Entre Chamas – por Antenor Demeterco Júnior

O Brasil foi surpreendido pelo incêndio do Museu Nacional, abrigado em prédio histórico de 200 anos, e contendo cerca de 20 milhões de peças.

Os responsáveis direta ou indiretamente pelo acervo foram escolhidos a dedo como integrantes da mesma faixa ideológica da tribo à esquerda.

É difícil dizer se o requisito capacidade foi considerado nessas escolhas.

Verdade que a turma não teve muito preparo na manutenção de um prédio antigo, pois enquanto tetos desmoronavam, interditavam salas, prestando uma eficiente tranquilidade para os cupins que habitavam o pedaço.

Burocratas omissos que não apenas aguardavam a verba para a reforma global das instalações, omitiam-se no dia a dia da manutenção.

Seus mestres de antanho, lá na extinta União Soviética, poderiam ter sido imitados: em defesa de certos acervos tinham eles mecanismos que retiravam o oxigênio dos ambientes após os expedientes diários (como exemplo merece citação o Arquivo do Estado Militar da Federação Russa).

Para a felicidade da irresponsabilidade, as punições de estilo soviético não são aceitas por aqui.

Sequer a omissa equipe obteve o certificado de regularidade do Corpo de Bombeiros para o objeto de sua “administração”.

Em 1933 um incêndio no Reichstag alemão transformou em cinzas a democracia no país.

O autor da façanha foi um infeliz adepto da ideologia comunista, para a felicidade dos nazistas, que, aproveitando da oportunidade, apertaram as garras de seu regime criminoso.

Incêndios não trazem bons fluídos.

O cenário político brasileiro é arenoso no momento eleitoral, e as chamas do passado foram seguidas pelo sangue nas mãos de indivíduos sinistros.

Estes souberam aproveitar da ação de um maluco esfaqueador, que possivelmente ignora para quem prestou serviços (o que é comum em crimes políticos, quando tudo é compartimentalizado).

As chamas do Museu eliminaram parte do passado nacional, como ocorreu na Alemanha de 1933, e contribuíram para abrir as comportas para a insegurança eleitoral generalizada.

O Brasil colhe hoje os resultados dos desmandos políticos que a imprensa revela no dia a dia.

O nosso passado voltou à baila, pois uma chapa integrada por militares enfrenta entre outras a candidatura do filho do falecido presidente que foi expelido do cargo pelo contragolpe militar de 1964.

Vitoriosa ou não, a chapa demonstra que os vitoriosos de 1964 já não se constrangem em defender o que fizeram, pois contam com a simpatia de milhões de eleitores.

A História é sempre um campo aberto para novas interpretações.

 

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