02/03/2018

Donald Trump e o “America First”, por Antenor Demeterco Júnior

 

Hoje não se fala mais de Charles Augustus Lindbergh (1902-1974), que em 1927 ficou célebre por ter feito o primeiro vôo solitário sem escalas sobre o Atlântico Norte.

O feito o tornou  famoso e conhecidíssimo  mundialmente, mas também  ressaltou sua ingenuidade quando liderou o movimento isolacionista “America First”.

Este movimento tinha sua tônica em impedir que a América tivesse envolvimento na guerra europeia, ou seja, que se alinhasse com a Inglaterra no enfrentamento aos nazistas.

Lindbergh foi carimbado por isso como “o amigo número I dos nazistas nos Estados Unidos” (“Lindbergh” de A. Scott Berg, p.516).

O comício realizado em 23 de maio  de 1941 teria reunido para ouvi-lo, segundo o Comitê de Defesa da América pela Ajuda aos Aliados, toda fauna radical associada aos nazistas, fascistas e comunistas (“ibidem”, p.518).

Causa perplexidade que o presidente Donald John Trump tenha ressuscitado uma denominação historicamente maculada, ou seja, o “America First”, como lema de sua presidência.

Em seu discurso de posse, de 20 de janeiro de 2017, afirmou que “é o direito de todas as nações colocar seus próprios interesses em primeiro lugar ”.

E que “deste dia em diante, vai ser só a América primeiro, a América primeiro”.

Podemos imaginar o que seria do mundo se tivessem prevalecido na época da guerra as ideias do “America First” e de Lindbergh.

Hoje a língua alemã seria oficial, pelo menos na Europa.

O presidente Franklin Delano Roosevelt (1882-1945) garantiu na campanha eleitoral de 1940 que não enviaria os jovens americanos para guerrear no exterior.

Eleito, dois meses depois, afirmou que faria dos Estados Unidos “o grande arsenal da democracia”.

E com isso não permitiu que a Inglaterra fosse derrotada e que caísse o front russo, obrigando a Alemanha a combater em dois (na realidade vários) fronts, sem condições para tanto.

De seu modo Roosevelt também foi adepto de um “America First”, mas bem diferente, não revelado durante a sua campanha eleitoral.

Trump não parece ser um isolacionista ao impor sempre os interesses americanos no relacionamento com outras nações, o que em princípio não pode ser considerado censurável.

A grande questão está no definir o que acredita serem os interesses de seu país.

Merece ser citado um exemplo: ameaçar um irresponsável armado com artefatos nucleares pode ter sérias consequências, não apenas para a Ásia.

O “America First” de Lindbergh felizmente não vingou em sua época.

Já o de Trump, o mundo globalizado aguarda os resultados e as consequências.

Por Antenor Demeterco Júnior, membro do IDL

 

 

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