20/12/2017

Continente Selvagem – por Antonio Demeterco Júnior

IDL publica texto produzido pelo associado Antenor Demeterco Júnior.

 

Continente Selvagem

 

Inúmeros historiadores abordaram a Segunda Guerra Mundial em maçudos livros, mas pouquíssimos escreveram sobre as brutalidades cometidas pelos exércitos e povos vencedores no pós-guerra.

A expressão “continente selvagem” que titula o livro do inglês Keith Lowe publicado neste ano no Brasil, surpreendentemente é referente a civilizadíssima Europa.

Os instintos primitivos dos seres humanos continuaram, após o morticínio generalizado, a ter ampla liberdade, com exemplos abundantes.

A antiga União Soviética perdeu 27 milhões de cidadãos com a invasão alemã, e deu o troco: estima-se que seu exercito é responsável por 2 milhões de estupros (cf. p. 74).

Seus êxitos militares foram turbados com ações como a praticada na localidade de Gross Heydekrug, onde seus soldados pregaram uma mulher na cruz da igreja local, com dois alemães enforcados de cada lado (cf. p. 95).

A Polônia foi o país mais perigoso para os judeus depois da guerra: de 500 a 1500 foram assassinados (cf. p. 235).

O infame pogrom de Kielce matou 42 judeus e feriu 80.

Entre as vítimas três heróis condecorados da guerra contra os alemães.

Ucranianos e poloneses soltaram as rédeas da vingança, reavivando ódios recíprocos.

O coronel polaco Stanislav Pluto (nada a ver com a Disneylândia) foi o artífice do massacre em Zawadka Morochowska, onde cortaram seios, arrancaram olhos, narizes e línguas (cf. p. 245).

Policiais ucranianos (desertores de seus mestres nazistas) ainda durante o conflito, na região de Volínia, assassinaram comunistas poloneses, idosos, mulheres e bebes recém-nascidos (cf. p. 249).

Em Wysocko Wyzne incendiaram uma igreja católica com 13 crianças dentro.

A lição estoica da existência de uma grande “irmandade da humanidade”, da “igualdade dos seres humanos”, do “cosmopolitismo”, de fraternal ajuda mutua ainda hoje não vingou como demonstram estes exemplos.

Não há como negar que entre os seres humanos existem seres com mera forma humana.

Quem porta ideias radicais está pronto para praticar ações radicais.

O terrorismo atual, acobertado pela religião, com a entrega ou não de Jerusalém, continuará a manchar, principalmente o continente civilizadíssimo.

Antenor Demeterco Júnior

 

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